Os documentos de amanhã serão majoritariamente digitais. Em adição aos dados já armazenados nos estoques digitais, semanalmente se acresce uma biblioteca do congresso americano aos estoques digitais nas memórias eletrônicas.

Na Internet cada um é o seu próprio publicador acabando com o monopólio da fala, um poder editores e instituindo a liberdade das vozes e um problema de gestão que , ainda não é uma preocupação, das áreas que lidam com a informação.

Hoje existem cerca de 80 milhões de blogs pessoais enunciando conteúdos de todas as áreas do conhecimento e a cada dia são criados mais 200 mil; alguns são interrompidos outros hibernam mas a maioria tem longa produção.

Outra grande parte deste volume de documentos digitais está, ainda, nos discos rígidos mantidos por pessoas, de cientistas e organizações.

A OCLC Online Computer Library Center fez extensiva pesquisa sobre tecnologia da informação e documentos digitais na Europa, Usa e Canadá e uma de suas surpreendentes conclusões é que: “o usuário da web é cada vez mais um leitor online e não um impressor de papel para uma leitura tardia”

A proclamada e negada “paperless society” finalmente chegou; isto pode ser percebido pelo valor de mercado e o valor relativo das grandes impressoras a laser. As impressoras jato de tinta estão voltando ao mercado, mas só para uma impressão priorizada ou de entretenimento e de alta qualidade.

Mas os grandes estoques crescentes de informação, continuam a se acumular em um tempo sem limites nos arquivos digitais.

O conhecimento, potencialmente armazenado em estoques, agrupa-se, exponencialmente, em estruturas que lhe servem de repositório. Mesmo colocando-se filtros de entrada para limitar qualitativamente o crescimento destes estoques, a coisa toda tenderá a ruir em pedaços, devido ao seu próprio peso, a menos que se modifique as proporções relativas da estrutura em relação ao seu conteúdo físico. [ http://tinyurl.com/t900 ]

A explosão de informação de que nos falavam Vannevar Bush e Solla Price no após a 2ª guerra mundial foi resolvida pelo computador, que é hoje um elemento da nova explosão junto com a liberdade da escrita na Internet.

Há um processo de diferenciação estrutural, mediante o qual uma organização se distorce ao se diferenciar. O exemplo clássico de D’Arcy Thompson, é famoso: uma estrutura ao mudar sua forma, devido ao crescimento de seu volume se transforma em outra. Assim, como a macieira não pode seguir crescendo para aumentar o volume de produção de seus frutos, haverá um momento, quando os estoques de memória digital, também, vergarão sob seu próprio peso e quebrarão em um processo de diferenciação.

http://pass.maths.org/issue12/features/casti/

A analogia destes conceitos ao crescimento dos acervos leva a crer que estas estruturas de armazenagem, na liberdade de produção de informação digital , irão crescer, em volume, periódica e cumulativamente, e em um determinado momento tenderão a “quebrar” por seu próprio peso, i.e., mudar sua forma, devido ao crescimento de seu volume e se transformar em outra ou acabar.

A teoria e as práticas das áreas que lidam com a gestão da informação, não se adaptando às novas estruturas, quebram, também, por inércia e inutilidade.

– Aldo Barreto, PhD em Ciência da Informação, IBICT

Fonte: [e-texto/abarreto-l] – Lista de discussão do IASI – Instituto de Adaptação e Inserção na Sociedade da Informação.

A Explosão da Memória

2 ideias sobre “A Explosão da Memória

  • 19/11/2007 em 07:07
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    A internet é elemento de democratização da informação, conhecimento e ensino. A proliferação de blogs e páginas é a inserção dos cidadãos no mundo da mídia e da informação. Os cientistas da informação precisam aprender técnicas de filtragem de informação para que os usuários que buscam informação possam encontrar informação relevante. Falta criar mecanismos que possibilitem a confiabilidade às informações obtidas na internet, tais como a ABNT. Hoje, muitas pesquisas utilizam a internet para fonte de informação. Assim, a questão é: quais os mecanismos (regras) possíveis para tornar a informação na internet confiável.

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  • 19/11/2007 em 13:37
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    O escritório sem papel é uma falácia, um mito ou, ainda, uma utopia. Segundo pesquisas já realizadas, a quantidade de impressoras, fotocopiadoras e fac-símiles aumentam a cada ano. Em 1995, a quantidade dessas máquinas aumentava a uma taxa de 5% ao ano na américa latina. Hoje, esse percentual deve ser ainda maior, trazendo como conseqüência um aumento exponencial de impressão de documentos, que desaguam nos arquivos das organizações ou mesmo nos arquivos pessoais, realidade essa que é considerada como um fenômeno. Não se tem conhecimento, até o presente momento, de uma instituição que não dispôe de MRD's – Máquinas Reprodutoras de Documentos (impressoras, fotocopiadoras e fac-similes). Um microcomputador, juntamente com uma impressora, pode substituir uma gráfica, em termos de produção e reprodução de documentos em papel. O que ocorre é que ninguém se dá conta dessa realidade no cotidiano das pessoas, ou seja, o documento virtual é importante, mas o impresso é um mecanismo para se resguardar de situações inconvenientes, quer seja na comprovação de uma determinada ação realizada, quer seja na defesa de direitos ou interesses. Além disso, o papel, que é uma tecnologia da informação, embora secular, também evoluiu muito com o passar do tempo, basta comparar um documento produzido em 1807 com outro produzido em 2007. As tecnologias da informação deveriam ser denominadas de tecnologias de disseminação da informação, dadas as suas principais características, que são as de relacionamento (interconexão), de comunicação (maior alcance de interlocutores) e de divulgação, tornando-a mais atraente que o papel, nesse sentido. Quando se diz respeito a gestão, autenticidade e preservação da informação, poucas instituições adotam políticas voltadas para esses aspectos. Na prática, a maioria das instituições convive naturalmente com as duas situações, isto é, continuam a gerar cada vez mais e mais acervos de documentos impressos e, também, de acervos de documentos em formato eletrônico, sendo estes mais utilizados para compartilhamento de informações mais recentes e em pontos remotos. Já o papel continua a ser a principal tecnologia utilizada para oficializar as informações transmitidas de um ponto a outro, assegurando, portanto, a comunicação de fatos ou eventos no tempo e no espaço, até porque é possível ter acesso a informação registrada em um papel no ano de 1500 (como é o caso da carta de Pero Vaz de Caminha, relatando a descoberta do Brasil), mesmo tendo que se locomover fisicamente de um país para outro, bastando apenas que tal documento tenha sido preservado em sua forma original. Quanto aos documentos eletrônicos, comumente não se tem acesso aos documentos gerados na última década, com raríssimas exceções (algumas instituições que geram documentos considerados vitais, independentemente da sua "idade"), o que faz com que as pessoas dêem pouca credibilidade ao documento digital, quando o aspecto a ser priorizado é a preservação da informação por um longo período de tempo ou de forma permanente.

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